Os desafios da inclusão de alunos com dupla excepcionalidade

por Gisele Friso Gaspar

9/3/20246 min read

Da mesma forma, são verdadeiros enigmas: enquanto brilham em áreas como ciências ou artes, também enfrentam obstáculos significativos devido, por exemplo, à presença do TEA, que contribui para dificuldades de comunicação e interação social. E o quadro é agravado quando, como dito, suas habilidades excepcionais mascaram suas necessidades especiais, ou vice-versa, tornando essencial uma abordagem educacional que reconheça ambas as facetas.

Em relação a alunos com altas habilidades, ainda hoje existe uma visão estereotipada, pressupondo que essas crianças não necessitam de acompanhamento pedagógico mais apurado, posto que, em geral, tendem a aprender com facilidade. Muitas vezes, esses alunos são vistos como bagunceiros, inquietos, contestadores, quando, de fato, precisam de um olhar menos míope e mais acolhedor.

Essas características podem, na verdade, retratar a presença de algo não tão fácil de se verificar. E é preciso que educadores estejam preparados para enxergarem além do óbvio e perceberem o que está por trás de cada comportamento.

Estima-se que entre 3% a 5% da população geral tenha altas habilidades. Dessas pessoas, estima-se que uma em cada dez tenha algum tipo de transtorno do neurodesenvolvimento. E diagnosticar corretamente essas pessoas não é tarefa fácil.

Alunos com dupla excepcionalidade podem ser verdadeiros desafios para professores e educadores, pois, como dito, muitas vezes não são corretamente diagnosticados ou, quando o são, percebe-se que a esmagadora maioria de escolas não está preparada para esse aluno.

Porém, a necessidade existe e é urgente. No Brasil, a legislação já traçou o caminho para a inclusão:

  • Lei Brasileira de Inclusão (Lei n.º 13.146/2015): Esta lei assegura que alunos com deficiência tenham acesso à educação inclusiva, reconhecendo também aqueles com altas habilidades. Isso significa currículos adaptados e suporte para suas necessidades únicas.

  • Lei Berenice Piana (Lei n.º 12.764/2012): Reconhecendo o autismo como uma deficiência, esta lei reforça o direito dos alunos com TEA à educação e saúde, destacando a importância da inclusão escolar.

  • Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394/1996): inclui estudantes com altas habilidade na modalidade de educação especial.

Essas leis visam a garantia de um ambiente educacional que não só respeita, mas também promove o desenvolvimento pleno desses alunos, equilibrando suas capacidades intelectuais com o suporte emocional e social necessário.

Porém, apesar de termos um norte, ainda estamos muito distantes do que seria ideal para a inclusão desses alunos. Os desafios são muitos e não são fáceis, mas são necessários. Algumas medidas são:

  • Identificação Adequada: Muitas vezes, é um desafio identificar corretamente essas condições, pois uma pode mascarar a outra. Avaliações abrangentes são essenciais para garantir que os alunos recebam o suporte que realmente precisam.

  • Currículo Flexível: É crucial oferecer um currículo que desafie intelectualmente enquanto acomoda necessidades sociais e emocionais. Isso requer um equilíbrio cuidadoso entre enriquecimento e suporte.

  • Formação de Educadores: Professores precisam estar preparados para lidar com essas complexidades, promovendo tanto o desenvolvimento acadêmico quanto o social dos alunos.

  • Ambiente de Aprendizado Inclusivo: Criar um espaço que seja estimulante e acolhedor é fundamental, adaptando o ambiente físico para minimizar distrações e promover o foco.

Para que a inclusão ocorra, algumas estratégias devem ser observadas, tais como:

  • Planos Educacionais Individualizados (PEI): Desenvolver e revisar regularmente PEIs que considerem tanto as altas habilidades quanto o TEA, assim como outros transtornos do neurodesenvolvimento, é fundamental para atender às necessidades em evolução desses alunos.

  • Programas de Enriquecimento: Oferecer projetos independentes ou grupos de interesse especial pode engajar alunos superdotados, apoiando também suas necessidades emocionais e sociais.

  • Suporte Emocional e Social: Implementar programas que ajudem os alunos a desenvolverem habilidades sociais e emocionais é vital para seu sucesso geral.

Também é necessário um trabalho além da escola é necessário, em parceria com os educadores, para que o aluno possa desenvolver ferramentas para lidar com suas dificuldades. Terapias auxiliam muito e, nesses casos, os planos de saúde têm sido compelidos a custear esses gastos.

Portanto, a inclusão escolar de alunos com dupla excepcionalidade não é apenas um desafio, é uma oportunidade de criar um ambiente verdadeiramente inclusivo e enriquecedor. Ao valorizar suas capacidades e atender às suas necessidades, as escolas podem garantir que esses alunos não apenas participem, mas prosperem. A colaboração entre educadores, famílias e especialistas é a chave para superar os desafios e assegurar uma educação inclusiva de qualidade.

A legislação existe, necessita de refinamento, mas se o que já é previsto e garantido fosse devidamente implementado, teríamos uma educação muito mais inclusiva, respeitando as diferenças e oferecendo oportunidades a todos, neurotípicos ou neurodivergentes.

Imagem: Pixabayii

Da mesma forma, são verdadeiros enigmas: enquanto brilham em áreas como ciências ou artes, também enfrentam obstáculos significativos devido, por exemplo, à presença do TEA, que contribui para dificuldades de comunicação e interação social. E o quadro é agravado quando, como dito, suas habilidades excepcionais mascaram suas necessidades especiais, ou vice-versa, tornando essencial uma abordagem educacional que reconheça ambas as facetas.

Em relação a alunos com altas habilidades, ainda hoje existe uma visão estereotipada, pressupondo que essas crianças não necessitam de acompanhamento pedagógico mais apurado, posto que, em geral, tendem a aprender com facilidade. Muitas vezes, esses alunos são vistos como bagunceiros, inquietos, contestadores, quando, de fato, precisam de um olhar menos míope e mais acolhedor.

Essas características podem, na verdade, retratar a presença de algo não tão fácil de se verificar. E é preciso que educadores estejam preparados para enxergarem além do óbvio e perceberem o que está por trás de cada comportamento.

Estima-se que entre 3% a 5% da população geral tenha altas habilidades. Dessas pessoas, estima-se que uma em cada dez tenha algum tipo de transtorno do neurodesenvolvimento. E diagnosticar corretamente essas pessoas não é tarefa fácil.

Alunos com dupla excepcionalidade podem ser verdadeiros desafios para professores e educadores, pois, como dito, muitas vezes não são corretamente diagnosticados ou, quando o são, percebe-se que a esmagadora maioria de escolas não está preparada para esse aluno.

Porém, a necessidade existe e é urgente. No Brasil, a legislação já traçou o caminho para a inclusão:

  • Lei Brasileira de Inclusão (Lei n.º 13.146/2015): Esta lei assegura que alunos com deficiência tenham acesso à educação inclusiva, reconhecendo também aqueles com altas habilidades. Isso significa currículos adaptados e suporte para suas necessidades únicas.

  • Lei Berenice Piana (Lei n.º 12.764/2012): Reconhecendo o autismo como uma deficiência, esta lei reforça o direito dos alunos com TEA à educação e saúde, destacando a importância da inclusão escolar.

  • Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394/1996): inclui estudantes com altas habilidade na modalidade de educação especial.

Essas leis visam a garantia de um ambiente educacional que não só respeita, mas também promove o desenvolvimento pleno desses alunos, equilibrando suas capacidades intelectuais com o suporte emocional e social necessário.

Porém, apesar de termos um norte, ainda estamos muito distantes do que seria ideal para a inclusão desses alunos. Os desafios são muitos e não são fáceis, mas são necessários. Algumas medidas são:

  • Identificação Adequada: Muitas vezes, é um desafio identificar corretamente essas condições, pois uma pode mascarar a outra. Avaliações abrangentes são essenciais para garantir que os alunos recebam o suporte que realmente precisam.

  • Currículo Flexível: É crucial oferecer um currículo que desafie intelectualmente enquanto acomoda necessidades sociais e emocionais. Isso requer um equilíbrio cuidadoso entre enriquecimento e suporte.

  • Formação de Educadores: Professores precisam estar preparados para lidar com essas complexidades, promovendo tanto o desenvolvimento acadêmico quanto o social dos alunos.

  • Ambiente de Aprendizado Inclusivo: Criar um espaço que seja estimulante e acolhedor é fundamental, adaptando o ambiente físico para minimizar distrações e promover o foco.

Para que a inclusão ocorra, algumas estratégias devem ser observadas, tais como:

  • Planos Educacionais Individualizados (PEI): Desenvolver e revisar regularmente PEIs que considerem tanto as altas habilidades quanto o TEA, assim como outros transtornos do neurodesenvolvimento, é fundamental para atender às necessidades em evolução desses alunos.

  • Programas de Enriquecimento: Oferecer projetos independentes ou grupos de interesse especial pode engajar alunos superdotados, apoiando também suas necessidades emocionais e sociais.

  • Suporte Emocional e Social: Implementar programas que ajudem os alunos a desenvolverem habilidades sociais e emocionais é vital para seu sucesso geral.

Também é necessário um trabalho além da escola é necessário, em parceria com os educadores, para que o aluno possa desenvolver ferramentas para lidar com suas dificuldades. Terapias auxiliam muito e, nesses casos, os planos de saúde têm sido compelidos a custear esses gastos.

Portanto, a inclusão escolar de alunos com dupla excepcionalidade não é apenas um desafio, é uma oportunidade de criar um ambiente verdadeiramente inclusivo e enriquecedor. Ao valorizar suas capacidades e atender às suas necessidades, as escolas podem garantir que esses alunos não apenas participem, mas prosperem. A colaboração entre educadores, famílias e especialistas é a chave para superar os desafios e assegurar uma educação inclusiva de qualidade.

A legislação existe, necessita de refinamento, mas se o que já é previsto e garantido fosse devidamente implementado, teríamos uma educação muito mais inclusiva, respeitando as diferenças e oferecendo oportunidades a todos, neurotípicos ou neurodivergentes.

Imagem: Pixabay